Senador pede explicações e questiona ‘constrangimento’ para as delegações num momento que deveria simbolizar diálogo global

Costa Diadema, contratado pelo governo federal para COP 30, tem restrições de hospedagem para delegações de 20 países — Foto: Reprodução Site Costa//AFP

Um dos dois cruzeiros contratados pelo governo federal para ajudar a mitigar a crise da hospedagem em Belém (PA), durante a COP30, restringe reservas de cabines por parte de 20 delegações estrangeiras. A Costa Cruzeiros segue regulações externas que, neste caso, vetam 20 países que não possuem relações diplomáticas com os Estados Unidos, onde fica a sede do grupo, a Carnival Corporation & plc. Em nota, a Secretaria Extraordinária do evento ressaltou que essa barreira se deve “a uma exigência de caráter internacional, que não decorre de decisão da empresa contratada para operação, do governo brasileiro, da Embratur ou do Comitê Nacional da COP30”.

“A Costa Cruzeiros é uma empresa do grupo norte-americano Carnival Corporation & plc. Por isso, são impostas algumas regulações externas para reservas de cabines por países que não possuem relações diplomáticas com os Estados Unidos”.

Na parte de “Tire Suas Dúvidas”, antes de listar as 20 nações, a Qualitours confirma “quais países têm restrição para reserva de hospedagem”.

As restrições se aplicam a países das Américas, como Haiti, Cuba e Venezuela, e da Ásia, como Irã, Coreia do Norte, Afeganistão, Mianmar, Iêmen, Laos e Turcomenistão. Mas a maioria das nações com hospedagem restrita no cruzeiro vêm da África — caso de Líbia, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Somália, Sudão, Burundi, Serra Leoa e Togo. Todos são membros das Nações Unidas.

Senador pede explicações

O temor de que tais restrições agravem a crise da hospedagem em Belém, o senador Beto Faro (PT-PA) decidiu pedir explicações ao Comitê Nacional da COP 30. O parlamentar considera que o caso expõe “um dilema incômodo sobre a soberania nacional”, já que, neste caso, uma multinacional aplica em solo brasileiro regras atreladas a legislações estrangeiras — não por um “detalhe comercial”, mas sim, “geopolítica pura”.

“Desde quando uma corporação estrangeira pode ditar quem entra e quem não entra num navio que servirá de hotel em plena Amazônia, em pleno Brasil?”, questionou o petista. “É um constrangimento para as delegações que virão à conferência na Amazônia paraense, e por ventura venham a buscar estas acomodações. Um momento que deveria simbolizar inclusão e diálogo global”.

A alta nos preços das diárias em Belém durante o evento, que ocorre entre os dias 10 e 21 de novembro, tem sido motivo de preocupação internacional.

Delegações de países da Europa, África e Oceania, além de representantes da sociedade civil, indicaram em reuniões preparatórias na Alemanha que iriam reduzir suas comitivas.

Fonte: O Globo

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